quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Reflexões sobre o Tempo

Se há experiências que nos impressionam quando sonhamos, são aquelas vividas em sonhos específicos que nos revelam o futuro. Porém eu não me refiro àqueles sonhos meramente simbólicos para os quais, utilizando a imaginação e criando analogias, encontramos relações coincidentes com os fatos do mundo físico. Não estou negando que estes sonhos simbólicos são muitas vezes verdadeiros, mas o que me refiro como revelações do futuro são experiências vividas em sonhos que se repetem em detalhes quando estamos em estado de vigília, mesmo que isto ocorra meses ou anos após termos tido o sonho. Estes sonhos podem ser indícios de que o futuro existe de alguma forma, pois não poderíamos visualizar ou interagir com algo que não existe de fato. Ainda assim, apesar dos indícios, essa é uma conclusão apressada. O que é exatamente este futuro que percebemos nos sonhos? Será que a lembrança de um sonho que aconteceu em uma experiência em vigília não é apenas uma memória falsa, tal como a sensação de ter sonhado algo, sem que necessariamente se tenha sonhado de fato? Ou será que sonhamos tantas coisas que inevitavelmente deve existir um sonho que se iguale a algumas experiências que vivemos, por uma mera questão de coincidência?

Na verdade, a razão pode apontar diversas questões, todas igualmente pertinentes, porém ainda não é capaz de apresentar respostas à grande maioria delas. A ciência, que é talvez o expoente máximo da razão pura ao qual a humanidade já atingiu, cada vez amplia mais seu corpo de conhecimento a respeito do ser humano, e certamente evoluirá muito nesse sentido, em séculos ou milênios de pesquisa. Porém, como indivíduos, precisamos de um método que nos permita ampliar, validar e corrigir o conhecimento, de maneira que possamos aplicá-lo em nossas vidas, ou seja, de uma forma que seja humanamente possível fazê-lo no tempo de nossas vidas. Este método envolve obter uma prova pessoal, a partir das próprias experiências, cruzando observações objetivas, percebendo a si próprio, e enfim, utilizando todas as percepções físicas e não-físicas, avaliando também pensamentos e emoções de todos os tipos, além de fatos concretos. Nesta busca, qualquer dúvida merece ser analisada e todas as possibilidades precisam ser minuciosamente investigadas. Gradualmente um núcleo de ideias vai se tornar menos volátil, mais constantemente se mantendo apesar do incessante questionamento. Depois de um tempo, ideias se tornam atitudes, que se tornam atos e depois realizações. Isso significa que esta busca de conhecimento não é meramente teórica pois envolver viver, experimentando possibilidades e concluindo a partir dos resultados percebidos. Este é o motivo do que se expõe aqui não se tratar de conhecimentos que podem ser avaliados pela razão somente. Na realidade só podem ser compreendidos totalmente se vivenciados. O momento de se tentar, ou seja, de se correr o risco, é algo pessoal, porém é uma etapa necessária para se obter as provas pessoais e, certamente, há a possibilidade de falha. Este método é básico na realização de praticamente tudo que se expõe neste artigo e nos que o seguirão.

No que diz respeito às minhas experiências pessoais, eu tive diversos sonhos que se realizaram em detalhes, com uma frequência que variava de meses a anos entre um e outro. As situações muitas vezes eram sobre acontecimentos triviais mas que continham algo de fascinante por serem incomuns, às vezes envolvendo fatos inusitados no ambiente de trabalho e às vezes relacionados a pessoas desconhecidas que eu encontrei eventualmente e nunca a mais as vi de novo. No entanto, alguns sonhos envolviam situações mais complexas, onde surgiam resultados de projetos ou desafios que eu sequer imaginava que se tornariam reais na época em que eu os havia sonhado. Algumas vezes eram sonhos divididos em partes, dentro do mesmo sonho e, quando se tornaram reais, aconteceram também em partes, em momentos diferentes da minha vida mas que, apesar do intervalo de tempo entre si, relacionavam-se a um mesmo assunto, por assim dizer. 

O que eu percebi de comum neles é que, dentro do sonho, eu chegava a notar que não era a realidade objetiva que eu vivia ali, ou seja, eu sabia que estava sonhando e ficava admirado com o que tinha sonhado. Nesse momento eu sentia que seria realmente interessante se aquele acontecimento tivesse ocorrido e manifestava esse sentimento, dizendo isso claramente no sonho. Depois de acordar eu não me lembrava do que tinha se passado na minha mente. Então se decorriam meses, às vezes anos, e aquele fato acontecia com precisão, na minha vida e, após tudo ter se concluído, eu lembrava do sonho, como se fosse uma mensagem sendo comunicada, mostrando a mim que algo havia sido feito desde o momento que eu tinha sonhado e até o fim daquele momento que tinha acontecido concretamente. O padrão era inicialmente o esquecimento após o sonho, até que acontecesse, e então eu me lembrava. Ou seja, para que o sonho se realizasse, ele precisava ser oculto de mim mesmo. Os sonhos que eram separados em partes, quando estes se tornavam reais, ocorriam em momentos separados da minha vida, embora relacionados entre si, e eu me lembrava de cada parte do sonho a medida que acontecia.

Particularmente, os sonhos que ocorreram em partes chamaram mais a minha atenção, justamente porque, por se tratarem de situações mais complexas, tinham uma probabilidade menor de ocorrer por simples coincidência. E, é claro, conforme mais sonhos deste tipo se repetiam, menor ainda era a probabilidade do mero acaso e aumentava a chance de ser algo mais. Porém esse "algo mais" poderia ser meu cérebro fabricando lembranças (imaginando-as) estimulado por sugestões da realidade ao meu redor. Eu encontrei a resposta a esta dúvida por causa de alguns sonhos em que pude lembrar de como terminariam antes que acontecessem por completo e, assim, fui capaz de antecipar o final de alguns acontecimentos reais, embora este tipo de sonho tenha sido mais raro. Dessa forma, eu obtive indícios ainda mais fortes de que não se tratava meramente de um exercício de imaginação. Foi assim que eu obtive uma prova pessoal de que é possível ver o futuro através dos sonhos.

Mas ficava a questão: o que é exatamente isso, ver o futuro? Será que o tempo é uma outra dimensão? Se partirmos da hipótese do tempo como dimensão real, primeiro é útil definir o que significa esta palavra: dimensão. Na física clássica, todo corpo (qualquer objeto, animal, pessoa, etc) é dimensionado em termos de largura, altura e profundidade. Tudo tem uma largura, uma altura e uma profundidade. Da mesma forma, pode-se localizar com precisão a posição espacial de um objeto específico através de coordenadas de largura, altura e profundidade. Pode-se ir para cima ou para baixo (variando-se a altura), ir para um lado ou para o outro (variando-se a largura), ou ir para frente ou para trás (variando-se a profundidade). Dois corpos não podem existir simultaneamente, nas mesmas coordenadas nestas três dimensões, ou seja, ambos ocupando a mesma largura, mesma altura e mesma profundidade porque, para isso, precisariam ocupar o mesmo lugar no espaço. Agora, se o tempo é uma dimensão real, então dois corpos podem ocupar sim a mesma posição no espaço, desde que existam em tempos diferentes (um existindo no presente e outro no passado, por exemplo). Essa é a teoria da quarta dimensão (da dimensão do tempo) e esta teoria implica na noção que tudo existe simultaneamente, em todos os tempos, jamais cessando de existir. O passado e o futuro seriam reais, não meras lembranças e possibilidades. Ver o futuro poderia significar acessar estes tempos. Mas será que isto é o que realmente ocorre?

Uma quarta dimensão é uma ideia sedutora. Todos nós já imaginamos algumas vezes, em nossas vidas, sobre o que faríamos se pudéssemos viajar para o passado ou para o futuro. Existe também muita ficção científica a este respeito, estimulando ainda mais a imaginação das pessoas. Na realidade, há muitas teorias científicas sobre o tempo, só que, até agora, a maior parte são meras teorias. A teoria da Relatividade, de Albert Einstein, se destaca entre as demais porque já há experimentos que a confirmam. Ainda assim, Einstein não via uma possibilidade de retorno no tempo. Na realidade, o ponto em que ele inovou foi perceber que o tempo pode passar mais rápido ou mais lento dependendo de certas condições (as quais não entram no mérito deste artigo). Assim, o ritmo da passagem do tempo não é uniforme no universo. O tempo tem um ritmo mais lento ou mais rápido mas, como nossa experiência diz respeito somente ao planeta Terra, onde há condições razoavelmente uniformes, parece a nós que o tempo é uniforme e constante. Para decepção de muitos que sonham com viagens temporais, na concepção de Einstein, como não existe o retorno no tempo, também não existe a dimensão do tempo, sendo real apenas o presente.

A ideia que me parece a mais sensata é a de que o tempo não é de fato uma dimensão pois, se o tempo fosse realmente uma dimensão, e se o futuro e o passado existissem de fato, de uma forma tão concreta quanto o presente existe, surgiriam pessoas e objetos vindos do futuro (sendo o tempo considerado como uma dimensão, você pode se deslocar tanto em um sentido como em outro, para o passado e para o futuro) e seria possível, até mesmo, encontrar uma versão futura de si próprio. Por nossas experiências triviais nós sabemos que isso não acontece pois nunca vimos algo surgir do nada. Nunca vimos um efeito surgir antes da causa.O que me parece ser a verdade é que o tempo é apenas um conceito abstrato, um ritmo de causas e efeitos, e o que há de concreto, de fato, é apenas o presente. Só que dentro do presente reside o passado como memória. E também dentro do presente reside o futuro, que é uma ideia ou intenção a respeito da possibilidade de realização de algo. Visualizar o futuro em um sonho é perceber uma ideia que, de alguma forma, irá se desenvolver e se tornar real.

Para a experiência vivida no sonho se tornar real, a ideia da mesma precisa se propagar para além dos limites físicos daquele que sonhou. Isso implica necessariamente no contato com algo que permeia a realidade, ampliando-se de tal forma que é capaz de influir sobre a mesma. Ou seja, deve haver uma rede de ressonância. Quanto mais complexos forem os sonhos que se tornam reais, mais abrangente e mais complexa é essa rede. Da forma inversa, se forem experiências simples do cotidiano que se tornam reais, este é um indicador de que se trata de uma rede pouco extensa ou muito simples.

A atitude em relação à rede de ressonância pode ser ativa ou passiva. A atitude é ativa quando a reação expressa no sonho, por parte daquele que sonha, interfere na realização do sonho, favorecendo (ou não) sua concretização. É de se supor que, neste tipo de relacionamento, o indivíduo tenha uma participação direta na concretização do sonho, pelo menos como um dos personagens que participa da trama principal.
Já em um relacionamento passivo, a reação do indivíduo não é importante e não interfere na concretização do sonho. Nesse caso, a participação individual na trama em desenvolvimento não é tão necessária. É importante mencionar que a passividade é sempre uma escolha. Se alguém se sente constrangido pelo contato com uma rede de ressonância, é possível lutar contra essa rede. O artigo Sonhos, deste blog, trata a esse respeito.

A rede de ressonância pode ser também expansiva, estagnada ou em retração. Se a rede de ressonância estiver se expandindo, seus efeitos serão cada vez mais eficientes e, provavelmente, o intervalo de tempo até a realização do sonho tenderá a se tornar menor. Por outro lado, se a rede estiver estagnada, irá se perceber pouco ou nenhum efeito em relação à sua eficiência e eficácia. E, na situação da rede estar em retração, ela se tornará cada vez menos eficiente e menos eficaz.

Existe também o aspecto do esquecimento até a realização do sonho. A rede de ressonância pode estar ligada a aspectos emocionais, destoantes das racionalizações da mente em vigília. A mente em vigília pode criar diversos obstáculos e estes obstáculos podem interferir na realização do sonho, isto principalmente quando o sonhador tem participação ativa nessa realização, ocupando um papel na mesma. Nesse caso, o esquecimento é necessário, para que a mente racional não interfira na realização do sonho.
É claro que a consciência do indivíduo pode se desenvolver, tornando-se cada vez mais unificada e congruente, de forma que a mente em estado de vigília já não mais se oponha à realização dos sonhos. Conforme este desenvolvimento ocorre, o indivíduo torna-se capaz de se lembrar dos sonhos, antes mesmo que a realização se conclua, antecipando o final do que ainda está por acontecer. E se a consciência continuar se desenvolvendo, é possível até mesmo mudar o final da realização dos sonhos, de tão ampla que será a harmonia entre o indivíduo e a rede de ressonância. O objetivo deste artigo e dos demais que se seguirão é auxiliar no desenvolvimento da consciência, conferindo cada vez mais às pessoas, o poder sobre o futuro de suas vidas.