sábado, 19 de janeiro de 2013

Esoterismo (Com S) Versus Exoterismo (Com X)

Esoterismo (com s) ou exoterismo (com x)? o que diferencia estas palavras? Será apenas uma questão de grafia?

O exoterismo diz respeito a adquirir conhecimento através de meios externos, ao invés de explorar a via interior (a via intuitiva). O conhecimento é exotérico quando se adota uma postura dogmática para obtê-lo, onde não se admite o questionamento, ou quando se recebe algum tipo de informação de uma fonte externa (seja através de espíritos, de representantes oficiais de alguma religião ou escola, ou de livros em que se leu algo emitido por uma fonte privilegiada). No exoterismo preponderam palavras. A informação é dita, detalhadamente explicada, mas frequentemente não é questionada. Há também símbolos não-verbais, porém para cada símbolo há uma extensa literatura explicando-o, de forma que, para que haja uma interpretação “correta”, é necessário inteirar-se da literatura descritiva que o acompanha.

Já o esoterismo é o oposto do exoterismo. Esoterismo é aprender através da via interior, ao invés de meios exteriores. É um aprendizado que está à disposição de qualquer um porque não depende de meios e condições externas. É explorar o universo dentro de si mesmo, com  os próprios recursos, por assim dizer. No esoterismo preponderam símbolos que precisam ser contemplados e interiorizados. É o caso dos mantras (sons), yantras (símbolos visuais, relacionados ao tantrismo) e mandalas (símbolos visuais circulares). Não que haja algum conteúdo a ser apreendido destes simbolos, mas eles costumam provocar estímulos naqueles que os experimentam e, se as pessoas mantém este contato e permanecem atentas aos estímulos percebidos, a mente se enriquece a partir de seus próprios recursos, de sua própria linguagem, que não é feita necessariamente por palavras.

A diferença se trata então de duas vias: a interior (esotérica) e a exterior (exotérica). Utilizando um exemplo prático, quando alguém lê o tarot, está utilizando a via interior ou a via exterior? Depende. Um arcano (no caso representado numa carta, ou lâmina do tarot) pode ser interpretado tanto pela via interior, quando quem o interpreta usa a via intuitiva, ou pela via exterior, quando a interpretação reflete apenas a erudição ao invés de um estímulo autenticamente pessoal. Assim, percebe-se que um símbolo não é necessariamente esotérico, ou exotérico em si próprio, pois pode ser utilizado em ambos os contextos.

Na atualidade, mesmo nos meios ditos esotéricos (que deveriam buscar a via interior), há muitas pessoas que utilizam a via exterior de aprendizado, ao invés da via interior. Basta lembrar do “fim do mundo” (que acreditava-se de acordo com o calendário maia), e refletir sobre como isto perturbou de fato o mundo (embora o mundo não tenha acabado). Nós estamos sempre nos deixando desviar a atenção de nós mesmos para simplesmente nos sentirmos indefesos frente a “fatos” revelados do “alto”, sobre os quais não temos poder algum. Motivados pela insegurança, buscamos informação, que nos vêm muitas vezes pelo Google, por redes sociais, ou por e-mail. Buscamos palavras, meios absolutamente exotéricos, dos quais não participamos nem sequer minimamente para ajudar a produzi-las.

Cabe lembrar que a magia explora o mundo interior de cada um, o qual é ligado ao mundo exterior, permitindo que se possa agir como causa, ao invés de ser mero efeito. Imaginem o que seria do mundo se houvessem mais magos. Certamente seria um mundo mais difícil de ser controlado. Porém, o desenvolvimento na magia ocorre na medida em que se transcende o próprio ego, unindo-se ao universo de uma forma cada vez maior e, por consequência, mais harmoniosa. Dessa forma, é correto afirmar que o objetivo último de um mago implica em atingir esta união e harmonia (por extensão, o objetivo último da magia e dos magos). A via interior é verdadeiramente libertadora. Como todos nós possuímos potencial para explorar esta via e, como existem muitas estruturas de controle neste mundo, pode ser conveniente para poucos que a grande maioria não saiba o potencial que pode desenvolver. No entanto, para desenvolver este potencial, é preciso começar a fazê-lo e não deixar-se desviar neste processo.

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