domingo, 17 de fevereiro de 2013

Estimulando o Subconsciente

Se há uma qualidade que eu considero essencial para quem busca desenvolver-se na magia e no ocultismo, esta é a paciência. Os fatos simplesmente não acontecem tão rápido quando gostaríamos que acontecessem. Muitas vezes ansiamos por uma mudança e ela parece nunca ocorrer mas, na verdade, não deveria ser assim.

Há diversos fatores envolvidos nos períodos de espera. O primeiro deles é que a magia deve ser sedimentada de dentro para fora. Ou seja, primeiro é necessário ser algo, para então expressar este ser, estimulando o universo ao seu redor, e então perceber transformações. O período de preparo é longo e em diversos níveis até que a transformação aconteça. E quando acontece, um observador externo poderia simplesmente dizer que você teve sorte, como se não tivesse feito esforço algum para que o resultado surgisse. É óbvio que essa impressão é incorreta, mas ainda assim vale comentar um conceito no qual se diz que a sorte nada mais é do que uma mistura de estar preparado com a oportunidade de agir. Sob este ponto de vista, o conceito se aplica na magia. Uma oportunidade pode até aparecer para alguém, mas se a pessoa não estiver preparada para assumi-la, vai muito provavelmente fracassar. Por outro lado, mesmo que nenhuma oportunidade surja, pelo menos é possível preparar a si próprio.

Uma forma de se preparar é perguntar a si mesmo o que se pode fazer para ampliar o leque de possibilidades de ação. Um meio que todos possuem de expressão mágica, por assim dizer, são os sonhos. Mas os sonhos são espontâneos, de forma que não se tem muito controle sobre eles. Normalmente nós simplesmente sonhamos com o que quer que seja sem termos planejado anteriormente o que faríamos neles. Então, como intervir nos sonhos? Uma das maneiras é enriquecermos, quanto mais pudermos, nossas próprias consciências quando estamos despertos e, assim, quando sonharmos iremos reagir de uma forma mais consciente e direcionada. Manter um diário de sonhos também é uma excelente ideia, onde se deve escrever sobre o sonho assim que se acordar. Através deste diário compreendemos melhor os elementos com os quais interagimos e, com esta consciência aumentada, podemos melhorar nossa interação nos próximos sonhos.

Os sonhos passam então a ser um tipo de oportunidade que se busca mas, ao mesmo tempo, também constituem uma preparação para oportunidades mais concretas. Há outras formas de se influenciar o subconsciente. Pode-se, por exemplo, antes de dormir visualizar o que se deseja sonhar de olhos fechados e, então relaxar e dormir. Pode-se colocar também alguma música bem baixinho que lhe evoque uma emoção específica que você deseja manifestar nos sonhos. Eu mesmo já fiz esta experiência com música, e a repeti por algum tempo. Eu também utilizei um software de mensagens subliminares. A ressalva é que, no caso de se utilizar uma técnica para estimular sonhos específicos, chega um momento em que o subconsciente fica saturado daquele estímulo e você percebe esta sensação de saturação. Nesse momento é importante cessar o estímulo e esquecê-lo, deixando amadurecer, para que se provoquem resultados decorrentes deste amadurecimento.

Os estímulos simples (música, auto-sugestão, etc) têm esse efeito de saturação muito frequente. Já a prática de tornar-se mais consciente dificilmente causa saturação pois, quando nos sentimos saturados por um certo assunto, ou ponto de vista, basta que mudemos de tema e então a saturação desaparece. Estas técnicas são interessantes antes de uma iniciação, e mesmo depois da iniciação podem ser utilizadas enquanto não se está familiarizado com métodos mais específicos para operações mágicas, e isso pode levar um longo tempo (novamente um período em que é testada a paciência). No entanto, mesmo desenvolvendo ritos mais eficazes, é sempre importante enriquecer a própria consciência e manter-se atento aos sonhos.

Ressalta-se que mesmo alguns ritos mágicos mais sofisticados também causam este efeito de saturação. Um exemplo comum seria a criação de sigilos na magia do caos, em que são elaboradas representações visuais que impressionam o subconsciente e, quando ocorre a saturação, deve-se desfazer dos sigilos, esquecendo-os, para que possam maturar e, assim, produzirem efeitos.

Para quem deseja saber mais sobre os sonhos nesse contexto, fica o link para meu post “Sonhos”, o qual os analisa sobre outras perspectivas e reitera alguns itens colocados aqui.

4 comentários:

  1. percebi que a comunicaçao com o subconciente deve ser uma liguagem anterior a conciencia cultural ou seja sem palavras mais sim com imagens emoçoes sensaçoes e imagens arquetipais ai sim criar um sigilo sobre estes temas mais com imagens e sensaçoes sem recursos concientes digo culturais

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  2. Olá João Salim Junior,

    A linguagem do inconsciente é, em grande parte, não verbal. Os diálogos são muito menos frequentes do que ações e emoções experimentadas nos sonhos. No entanto é possível orientar os sonhos (até certo ponto) na direção que se pretende seguir.

    Observe, por exemplo, quando um fato chama a sua atenção durante o dia-a-dia e, ao dormir, você sonha com algo relacionado a aquele fato. Isso quer dizer que transformações na mente consciente podem provocar experiências com o inconsciente. É uma questão de persistir até que aconteça e, depois que acontecer, continuar se empenhando no mesmo esforço para continuar se expressando nos sonhos.

    Trata-se de preparar-se e, durante esse processo, ir ajustando a consciência, ampliando-a, modificando-a. É um processo que usa os recursos cognitivos do mago, não sendo meramente cultural. A consciência do estado de vigília é insuficiente em si para operações mágicas, mas quando se modela esta consciência é como se estivesse criando uma espécie de chave. Quando esta chave estiver perfeita, ela abre um segredo.

    Ressalto que parte desse processo de modelagem vem da interpretação das mensagens dos próprios sonhos. Aliás tal interpretação é essencial.

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  3. Um fato interessante que vou compartilhar é que já consegui fazer mais de uma vez de brincar de imaginar coisas que queria que acontecessem na minha vida naquele momento antes de dormir e realmente acontecerem na vida real. Porém comigo só da certo quando faço sem cobrança de forma leve como uma brincadeira desencanada.

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  4. Josè Màrcos, é exatamente assim como descreveu. Quando a mente consciente interfere, ela pode acabar minando a ação mágica, atribuindo dificuldades e até mesmo recriminações às escolhas feitas. Ou mesmo uma certa ansiedade, tentando antecipar o que não deve ser antecipado. Por isso mesmo, quando você esquece aquele assunto, você amplia as possibilidades de dar certo.

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