No post Preparando-se para Iniciar-se como um Mago,
eu coloquei algumas considerações a respeito da iniciação, a qual
significa passar a comungar com uma egrégora, tornando-se parte de um
círculo, entendendo por círculo algo que une e protege o que está dentro
de si, de uma forma distinta daquilo que está fora do mesmo, existindo
uma infinidade de egrégoras (formas-pensamento, ou redes de ressonâncias
criadas por uma coletividade de seres). Hoje em dia, o termo Mago tem
múltiplas conotações, de forma que há os que se consideram magos brancos
ou magos negros, e outros um tanto indiferentes a estas classificações,
principalmente no que diz respeito a muitos magos do caos. No entanto,
existe uma acepção mais nobre desta palavra e simplesmente fazer parte
de uma egrégora não qualifica alguém neste sentido.
Na verdade há um Círculo maior, cuja natureza eu já comecei a discutir no post Quando Tudo é Divino: um Universo sem Criador e sem Criatura,
onde coloquei o postulado de que a divindade está em tudo, e assim de
fato tudo é a divindade, de forma que não existe nada que não a seja. A
totalidade do que existe pode ser comparada a um organismo e, neste
organismo, cada parte tem funções distintas. Se pensarmos neste como o
ser humano, o Círculo seria o centro da consciência, o cérebro por assim
dizer. A iniciação em relação a este Círculo, esta sim, é o que
caracteriza um verdadeiro mago. Não que esta iniciação seja exclusiva,
mas ela deve ser a base para as demais. Quando esta fundamenta o
desenvolvimento na magia, tudo o mais que se segue é essencialmente
branco.
A
essência do Círculo é incognoscível se tentarmos dissecá-la em partes
lógicas menores, tentando assim detalhar toda sua estrutura. O motivo é
que não se trata de uma construção estagnada, sendo na realidade um
objetivo constante, um ideal, sempre aliado à criatividade e
inteligência em movimento. O fato é que todos os pontos do universo são
perceptivos ao universo inteiro, com cada ponto sentindo este universo,
mesmo que inconscientemente. Assim, todo o universo encontra-se
representado em todas as partes que o formam. O que está acima é como o
que está abaixo. Ou, tal como na oração cristã, assim na Terra como no
Céu. Dentro de cada parte, representa-se a totalidade (a essência de
cada parte é, dessa forma, a totalidade). Ou seja, a essência de tudo o
que há é tudo o que há. Esta mesma essência, quando criou sinergias em
si mesma, criou o Círculo. A consciência brotou da inconsciência (que
era consciência potencial).
Hà
um conceito de vida que vai além dos processos biológicos. Tudo é
energia e consciência em potencial. Quando esta energia se organiza, a
consciência se organiza. A partícula que faz um átomo é um ser em si, da
mesma forma que o átomo é um ser em si, mesmo sendo uma pluralidade de
partículas. O mesmo vale para as moléculas e para as células e para os
seres multicelulares. Somos todos comunicantes e integrados. A dor de um
reflete-se no todo. A satisfação de um reflete-se no todo. Daí que um
dos fundamentos do Círculo, é a realização de todos os seres, em
qualquer nível de abstração. Isso é impossível de explicar, mas não é
impossível como objetivo. Quando existe um objetivo, você pode até
falhar, mas vai continuar tentando. Assim, a essência do Círculo não é
um mecanismo intrincado, e sim uma direção comum. Quanto mais sinergia
surge nesse sentido, mais forte este se torna, e mais perfeitos são seus
resultados. Essa essência visa afirmar a tudo e nada consegue negá-la.
Nesta essência não há a separação entre os seres: não existe mal, nem
bem. Existe apenas a unidade. O Círculo está acima das tradições, acima
de todas as religiões, e de todas as separações. Tudo emana dele e não
há nada que não emane do mesmo.
Todos
os posts que escrevi até agora dizem respeito a congruir quem se é,
descobrindo o próprio significado e encontrando, assim, o Círculo em si
mesmo. É intrigante como encontramos estes conceitos dentro de nós
quando os procuramos com todo nosso esforço e imaginação. É mais
intrigante quando percebemos que não estamos sós nestas conclusões (pois
outros chegam e já chegaram às mesmas) e verificamos assim que o
universo realmente é comunicante e partilha de uma consciência comum.
Quando esta congruência de si mesmo acontece em toda sua intensidade é o
verdadeiro momento de iniciação em relação ao Círculo. Eu suspeito que
não exista como prever o exato momento em que isso acontece. Esta
iniciação é uma experiência de contato com o que se passou a chamar, em
português, o SAG (Sagrado Anjo Guardião), ou HGA (Holy Guardian Angel,
em inglês). Se bem que estes termos são apenas interpretações desta
experiência, ligadas a crenças específicas. A experiência real,
frequentemente, nada tem a ver com as noções de anjos que nos foram
incutidas. Os posts que vou escrever a partir de agora vão se focalizar
no que vem após esse momento da iniciação com o Círculo embora, é claro,
muitos ainda terão um teor reflexivo que pode ser utilizado na
congruência inicial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário